O CDS faz hoje 41 anos.
Daqui envio os parabéns a todos os militantes e simpatizantes, na pessoa do Presidente do Partido, Dr. Paulo Portas.
É com muito agrado que aproveitamos a data para homenagear um dos seus mais inesquecíveis fundadores: Adelino Amaro da Costa.
E em simultâneo com a apresentação pública da requalificação do Largo que foi do Caldas, mas que tem hoje o seu nome.
Aproveito desde já para agradecer o empenho da Câmara Municipal de Lisboa neste bem-sucedido projecto de requalificação urbana, na pessoa do Senhor Vereador Duarte Cordeiro. E ao grupo de familiares e amigos que participou na escolha das frases, Maria do Rosário Carneiro, Diogo Freitas do Amaral, Manuel Pinto Machado, José Ribeiro e Castro e Diogo Belford Henriques.
Também comemoramos este ano, em 6 de Outubro, mais precisamente, os 40 anos do IDL Instituto Democracia e Liberdade, hoje, e formalmente desde 1981, IDL Instituto Amaro da Costa.
A fundação do CDS há 41 anos, em Julho de 1974, ocorreu num momento político e social muito diferente da fundação do IDL em Outubro de 1975.
Em Julho de 1974, segundo a sua declaração de princípios, o CDS nascia para corresponder, e passo a citar, “(…) aos apelos de amplas correntes da opinião pública, ainda politicamente desmobilizadas para as grandes tarefas da construção de um Portugal novo; (…)
Reivindicando a necessidade de se construir, em Portugal, um tipo de sociedade inspirada nos melhores valores democráticos e humanistas da Europa Ocidental e, capaz de corresponder aos verdadeiros anseios de todos e cada um dos portugueses;
Abrindo-se a todos os democratas do centro-esquerda e do centro-direita que se sintam solidários nas tarefas que será necessário levar a cabo para a construção de tal sociedade” (…).
O ambiente vivido nessa data era de esperança e imperava em todos nós a vontade de participar na construção da democracia e das suas instituições.
Já em Outubro de 1975, apenas 15 meses após a fundação do CDS, Adelino Amaro da Costa e outros colegas de partido fundavam o IDL no meio de um processo acelerado de derrogação da democracia conduzido essencialmente por alguns militares mais radicais do MFA e pelo Partido Comunista Português.
Todos os sectores da economia haviam sido nacionalizados, estávamos à beira de uma confrontação violenta nas ruas e corríamos mesmo o risco de não vir a ter um Parlamento ou sequer eleições, como ficou para sempre registado na famosa entrevista de Álvaro Cunhal a Orianna Fallaci, em Junho de 1975.
Se o CDS surgiu para participar na construção do Estado democrático, num período de ruptura, mas tendo como fim uma democracia à data chamada de tipo ocidental, o IDL nasceu para afirmar os mesmos princípios da democracia e da liberdade, num plano não partidário, mas no auge de uma deriva antidemocrática que só veio a ser travada alguns meses depois, em 25 de Novembro de 1975. Mesmo assim, em Abril de 1976, ainda assistimos à aprovação de uma Constituição, que mereceu o nosso voto contra, com um Conselho da Revolução e a inviabilização quase total do sector privado na economia, através da imposição da irreversibilidade das nacionalizações.
Como Presidente do IDL Instituto Amaro da Costa cabe-me hoje recordar o nosso co-fundador comum do CDS e do IDL.
E, assim sendo, começaria por salientar que a evocação da memória de Adelino Amaro da Costa tem o significado especial de o fazermos aqui, à porta do partido que ajudou a nascer há 41 anos, no então denominado Largo do Caldas, inaugurando ao mesmo tempo a intervenção arquitectónica que transportou para a pedra e bancos públicos alguns dos seus ditos mais conhecidos.
Foi aqui – ali naquele prédio – que Adelino Amaro da Costa passou a viver, é esse o termo preciso, renunciando a tudo em favor da construção de um partido que queria ver como um actor determinante na nossa vida democrática.
Nos 6 anos que viveu exclusivamente para a Política, entre 1974 e 1980, foi sempre dirigente partidário, foi deputado e por fim governante. No meio de tudo isto, ainda inventou tempo para se casar. Em todas estas áreas demonstrou força, determinação, inteligência, lealdade, facilidade de comunicação e sentido de humor. Sensibilidade e sabedoria para ser o número dois que estava em todo o lado, o verdadeiro motor de uma máquina em evolução.
Período curtíssimo, mas intenso, à velocidade da luz, durante apenas 6 anos de vida entregues totalmente ao país, à política e ao partido que fundou e dirigiu. Durante esse período fez nascer um dos principais partidos portugueses aos 31 anos, foi eleito deputado aos 32 e assumiu as funções de Ministro da Defesa Nacional aos 36. Morreu vítima de atentado aos 37. Tudo isto em 6 anos apenas.
Fazer tanto em tão pouco tempo e deixar-nos assim tão violentamente, obriga-nos a concluir que a sua memória e a sua presença só prevalecem porque ele foi uma pessoa excepcional e insubstituível.
E a consciência disso faz-nos admirar o que fez, mas também lamentar o que, como quarentão que não chegou a ser, deixou de ter a possibilidade de realizar.
Julgo que tanto o CDS como o IDL têm sabido defender, atrevo-me a dizer, naturalmente, a presença permanente do Adelino Amaro da Costa no partido e no instituto que fundou. Temos sabido mantê-lo sempre connosco, assumindo um papel principal na nossa história.
Ao Adelino Amaro da Costa, à sua família e aos seus amigos, e a todos vós, muito obrigado!
Luís Gouveia Fernandes
Presidente do Conselho Directivo do IDL Instituto Amaro da Costa