Rui Ramos, reputado historiador e professor universitário foi o convidado especial para a sessão de Dezembro de À mesa do IDL, mais um almoço debate muito concorrido sobre “A Direita e a Democracia” em Portugal.
Fundamentado nos factos históricos, Rui Ramos estabeleceu alguns aparentes paradoxos que desmontam os persistentes preconceitos existentes em Portugal quanto às “cumplicidades naturais” da direita com a ditadura e da Esquerda com a democracia. Desde logo porque a oposição ao salazarismo não foi um exclusivo da esquerda, como comprovam nomes como o de Paiva Couceiro nos anos 30, e mais tarde personalidades como Henrique Galvão e Humberto Delgado ou Cunha Leal. Se é verdade que uma boa parte da direita estava dentro do Estado Novo, o mesmo sucedeu com muita gente de Esquerda que emerge após o 25 de Abril da administração, das universidades, dos gabinetes ministeriais, tendo o Partido Socialista recebido antigos ministros do regime. Nos últimos anos do Salazarismo e Marcelismo uma grande parte da direita, como é disso exemplo a Ala Liberal, tem a ditadura como meio e a democracia como fim, assim como boa parte da esquerda defende a democracia como meio para a ditadura como fim, como se veio a comprovar após a revolução, relembrou o historiador. Rui Ramos defende que contrariamente ao discurso politicamente correcto, a Esquerda exibe problemas mais graves com a democracia do que direita, que em Portugal logo após o 25 de Abril se assumiu esmagadoramente democrática e europeia, tendo conquistado o seu espaço e garantido a democracia num extraordinário movimento de massas contra a esquerda totalitária desencadeado logo no ano seguinte ao 25 de Abril.
O almoço, terminou como habitualmente com uma animada sessão de perguntas e respostas.
O almoço-palestra “à mesa do IDL com”, é organizado em parceria com o Wilfried Martens Center for European Studies e tem como propósito reunir mensalmente personalidades interessadas em debater os assuntos políticos da actualidade.